Descontos eram realizados na folha de pagamento dos benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas
Área do Cliente
Notícia
Bônus de produtividade para servidores do INSS reduziu a qualidade da análise dos processos, diz CGU
Auditoria indicou ainda que, em alguns casos, bônus chegaram a R$ 50 mil por mês para servidores e furaram o teto constitucional.
Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que bônus de produtividade pago a servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 2019 a 2022 não causou a eficácia esperada e ainda reduziu a qualidade de análise dos processos.
A CGU apontou ainda que alguns servidores ganharam em um mês, só de bônus, valor superior ao teto constitucional, que é o salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje em R$ 39, 2 mil.
O bônus de desempenho foi instituído em 2019 pelo governo federal para aumentar a capacidade de análise do INSS diante do aumento da fila de requerimentos de benefícios. O objetivo era pagar ao servidor uma remuneração extra por processo analisado fora da jornada ordinária de trabalho.
"Verificou-se análise de grande número de tarefas com baixa contribuição para a eficácia em relação ao alcance dos objetivos do BMOB [a sigla que se refere ao bônus]; pagamentos de bônus acarretando remuneração em valor superior ao teto constitucional; e redução da qualidade das análises dos processos", afirmou a CGU em auditoria.
A queda na qualidade dos processos, segundo a CGU, ocorreu porque:
- Alguns servidores priorizaram processos mais fáceis de ser concluídos
- Como o bônus era pago no horário extradiornário do expediente, alguns servidores ficaram menos produtivos no expediente ordinário
- A pressa para analisar processos e ganhar bônus levou a um aumento de revisão dos casos (entenda esses pontos mais abaixo)
O bônus tinha um valor de R$ 57,50 por análise concluída e, entre sua criação e março de 2023, o programa custou ao todo R$ 292,6 milhões.
O bônus esteve em vigor até dezembro de 2022. Em julho de 2023, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou medida provisória (MP) criando o Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social.
O objetivo é similar ao da iniciativa instituída pelo governo anterior: pagar bônus aos funcionários para tentar reduzir as filas do INSS.
No relatório, a CGU recomendou que, em caso de renovação da iniciativa, o INSS adotasse um critério para análise dos processos e tarefas, além da implementação de procedimentos de avaliação da qualidade, "com vistas à redução de custos com o retrabalho e a concessão e o pagamento irregulares de benefícios".
O g1 questionou o INSS se as conclusões da CGU foram consideradas durante a formulação do novo programa. O instituto respondeu que "está analisando o documento e a resposta será encaminhada à CGU, seguindo o trâmite do processo eletrônico".
Queda na qualidade das análises
Na avaliação do órgão, a criação de um bônus de desempenho pode comprometer a qualidade das análises.
"A criação de um bônus relacionado à produtividade pode gerar impactos na qualidade das análises realizadas no âmbito do Programa Especial, com aumento do risco de pareceres com inconsistências (deferimentos e/ou indeferimentos indevidos), e possíveis deficiências no acompanhamento da execução", diz o relatório.
No caso do programa em vigor entre 2019 e 2022, a CGU identificou:
- Descumprimento da capacidade operacional ordinária por servidores que apresentaram as maiores bonificações:
O bônus era pago para processos que passassem por análise extraordinária, ou seja, além do horário de trabalho normal do servidor.
A CGU analisou dados de quatro meses diferentes para os servidores que receberam os maiores valores de bônus e identificou que, para todos, em pelo menos um mês, eles não haviam cumprido as metas "ordinárias".
Em um deles, a meta não havia sido batida em três dos quatro meses em que houve pagamento do bônus. Ou seja, os servidores receberam bônus de análise extraordinária sem nem terem atingido a meta de trabalho regular.
Aumento no pagamento de bônus relacionado à análise de processos com inconsistências de dados cadastrais:
O objetivo inicial do programa era analisar processos com indícios de irregularidades. Em um segundo momento, foram incluídos também processos iniciais de requerimento de benefícios e revisões.
Os auditores da CGU observaram que, gradativamente, os servidores passaram a focar em processos mais complicados durante a análise ordinária (dentro da jornada comum de trabalho), deixando para a análise extraordinária (que recebia o bônus) processos mais simples, como revisões que exigiam apenas atualizações cadastrais.
"Análises de processos que costumam ser mais simples e mais céleres (...) foram priorizadas no âmbito do Programa Especial, ensejando o pagamento de BMOB/Terf [do programa de desempenho] por atividades que poderiam ser mais eficientemente alocadas na capacidade operacional ordinária dos servidores", aponta o relatório.
- Aumento do percentual de indeferimentos e de decisões com necessidade de revisão
A CGU também analisou a qualidade das decisões tomadas nos processos analisados dentro do programa.
Os auditores identificaram, por exemplo, que a taxa de indeferimentos (negativas) em requerimentos iniciais de direitos analisados na fila do programa de desempenho foi de 77%, contra 58,1% nas análises ordinárias.
Segundo a CGU, o aumento de indeferimentos dentro do programa indica "que o pagamento de bônus pode estar induzindo a um aumento indevido nos indeferimentos, o que prejudica o segurado e gera retrabalho no âmbito do INSS, e o aumento de demandas nas instâncias recursal e judicial".
Quando indeferido, o pedido passa pela supervisão técnica, que pode validar ou não a decisão. Neste caso, a auditoria também verificou que mais da metade (59%) das decisões de indeferimento tomadas no âmbito do programa não foram confirmadas pela instância superior. No caso das análises feitas fora do programa, essa taxa é menor, de 46,7%.
A auditoria também analisou os processos que estavam sob análise do Conselho de Recursos da Previdência Social e verificou que os servidores com maior número de decisões em processo de revisão eram aqueles com maiores médias de pagamento dentro do programa de desempenho.
Remuneração acima do teto
A Constituição prevê que os servidores da administração pública federal estão sujeitos a um limite de remuneração por mês, equivalente ao salário mensal dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O regulamento do programa de bônus previa que "a soma do valor pago com o BMOB [do programa de desempenho] e a remuneração total do servidor não poderá ultrapassar o limite máximo de remuneração do servidor no Poder Executivo".
De acordo com a CGU, ao longo da vigência do programa, o subsídio dos ministros do STF correspondeu a R$ 39.293,32. Ou seja, o servidor do INSS poderia receber no máximo esse valor, considerando a soma do salário mais o bônus.
A auditoria da CGU concluiu, porém, que não houve a implementação de controle para garantir o pagamento dentro do limite constitucional, o que permitiu repasses acima do teto.
Por exemplo, 13 servidores receberam uma média mensal superior a R$ 50 mil apenas em bônus, sem considerar o salário. Outros 39 servidores receberam uma média mensal entre R$ 40 mil e R$ 50 mil. A CGU não informou no relatório o valor máximo recebido.
Valores de bônus pagos mensalmente pelo INSS x Quantidade de servidores
Auditoria indicou que servidores receberam mais de R$ 50 mil em bônus por produtividade
Segundo o órgão, também não houve o abatimento dos valores excedentes ao teto remuneratório.
"Consultas no sítio eletrônico do Portal da Transparência revelaram a inobservância do limite máximo de remuneração do servidor no Poder Executivo em diversas ocasiões. A título de exemplo, determinado servidor recebeu R$ 51.413,45 na competência de novembro de 2022, enquanto outro servidor recebeu R$ 48.834,83 na competência de outubro de 2022", aponta o relatório.
Por conta da falta da verificação do limite máximo de remuneração, a CGU argumenta que "os pagamentos mensais de bonificação superiores a R$ 35.000,00 possuem significativo potencial de ultrapassar o teto".
Bônus por desempenho
O Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios (BMOB) foi criado pela primeira medida provisória do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, e começou a operar em julho daquele ano.
O bônus tinha como objetivo "analisar processos que apresentem indícios de irregularidade ou potencial risco de realização de gastos indevidos na concessão, no recurso ou na revisão de benefícios administrados pelo INSS".
Em 2022, o programa foi renomeado para Tarefa Extraordinária de Redução de Fila e Combate à Fraude (Terf).
O programa também tinha como objetivo analisar processos de requerimento inicial e de revisão de benefícios com prazo para análise já expirado.
Notícias Técnicas
É possível verificar diretamente pelo Meu INSS, site ou app
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) realizou, entre os dias 29 e 30 de abril, o workshop “Capacitação de multiplicadores das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Ciências Contábeis”, em Brasília
Registro no CRC é obrigatório para exercer a contabilidade. Veja o que pode ou não ser feito sem essa habilitação profissional.
Mesmo quem não foi encontrado não precisa se preocupar: bloqueio de pagamento por falta de comprovação de vida foi suspenso por seis meses
Notícias Empresariais
Médicos e profissionais da saúde que se organizam e buscam assessoria contábil profissional pagam menos impostos e trabalham com mais tranquilidade sabendo que estão dentro da lei
No Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral no Trabalho (2/5) saiba o que o Judiciário Trabalhista vem fazendo para combater a prática
O acordo histórico é o mediado pelo TST entre a Vale e os familiares das vítimas da tragédia de Brumadinho
Os principais motivos pela alta são: alta do dólar e as tarifas americanas. Especialistas recomendam trocar o índice: do IGP-M pelo IPCA.
Relatório do Tesouro Nacional indica que cenário global teve influência determinante sobre o comportamento da dívida, em meio às incertezas quanto à política tarifária dos Estados Unidos
Notícias Estaduais
No dia 14 de outubro de 2021, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP)..
A Receita Estadual do Paraná comunica que o Supremo Tribunal Federal declarou que é constitucional a imposição tributária aos contribuintes optantes pelo Simples Nacional da diferença de alíquotas do ICMS pelo Estado de destino por ocasião da entrada de mercadoria em seu território.
Será possível parcelar em até 60 meses débitos de ICMS, com desconto de até 40% em juros e multas
Acesso ao microcrédito, orientação para microempresa e Micro Empreendedor Individual (MEI), cursos, orientação para o protocolo digital de processos de registro de empresas, e manutenção preventiva de equipamentos, fiscalização e legislação. Esses são alguns serviços que constam no convênio firmado entre o Governo do Estado e o Sebrae, nesta sexta-feira (28).
A Receita Federal notificará 1.070 contribuintes no Acre, Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia e Pará para explicar declarações de despesas de alto valor no Imposto de Renda. No Amazonas são 281 contribuintes. A Receita não informou os valores.
Notícias Melhores
Atividade tem por objetivo garantir a perpetuidade das organizações através de planejamento e visão globais e descentralizados
Semana traz prazo para o candidato interpor recursos
Exame de Suficiência 2/2024 está marcado para o dia 24 de novembro, próximo domingo.
Com automação de processos e aumento da eficiência, empresas contábeis ganham agilidade e reduzem custos, apontando para um futuro digitalizado no setor.